Toda a viagem de trem pela Europa foi inesquecível, além de ter sido a primeira vez também foi meu presente de formatura pelo MBA, mas o dia 23 de dezembro de 2017 prometia ser um dos mais incríveis. Reservei o dia inteiro para subir até o Glacier Paradise e ao Gornergrat. Passeios imperdíveis para quem quer ver o Matterhorn por mais ângulos. 🙂
O pouco que vi no caminho até Zermatt e na própria cidade foi o suficiente para me deixar muito ansiosa por este dia e com as expectativas nas alturas. Um dos motivos era o próprio Matterhorn, que estava escondido atrás de uma neblina que insistia em ficar ali, quando cheguei. E eu estava muito ansiosa para ver de perto e “ao vivo” a famosa montanha que, dizem, estampa a embalagem do Toblerone. Outra razão era o passeio no Glacier Paradise e Gornergrat. Só que nada era certo. Tudo dependeria do tempo. Se a neblina voltasse e se o sol resolvesse que não era o dia dele aparecer, a programação estaria perdida.

Adivinhem o que aconteceu? O céu amanheceu azul de brigadeiro e o Matterhorn saiu da neblina e apareceu esplendoroso. Enquanto os primeiros raios de sol batiam no pico da montanha, aquele famoso efeito avermelhado começou a aparecer. Este é um dos programas preferidos de quem passa por lá. Acompanhar o efeito do reflexo do sol no pico do Matterhorn. Depois disso, todos saem para esquiar. É um desperdício não acordar cedo enquanto estiver na cidade, então aproveite bem tudo o que ela tem a oferecer. É um espetáculo à parte!
Eu não conseguia parar de olhar em direção ao Matterhorn. Na volta, tudo coberto de neve, mais montanhas, muitos pinheiros e cabanas. Pouco antes do amanhecer, já dá para ver as primeiras luzes nas janelas. A iluminação era das pessoas que começavam a acordar para começar o dia, ver o Matterhorn e sair para esquiar. Fiquei bastante tempo ali até descer para tomar o café da manhã no hotel, mas eu ainda tinha tempo de sobra para explorar as montanhas do alto.
Os bilhetes podem ser comprados no escritório de turismo, ao lado da estação de trem, ou no próprio complexo onde ficam os bondinhos. Como você vai ter que ir para lá de qualquer forma antes de embarcar, recomendo a segunda opção para poupar tempo. Ah! Deixe para comprar seu passe na hora. O tempo é tudo! Se estiver nublado, não vale a pena, porque você vai perder toda a visibilidade que é a grande sensação do passeio.
Peguei o Peak 2 Peak Pass, que dá direito a subir com o bondinho até o Glacier Paradise, onde também fica o palácio de gelo, e descer de bondinho até uma das estações para pegar o trem de cremalheira que vai até o Gornergrat. Fui ao Glacier Paradise (3.883m), ao palácio de gelo e depois desci em Furi para trocar de bondinho. De lá, subi até a estação Riffelberg para pegar o trem que leva ao Gornergrat (3.089m).
Lá em cima é só você, as montanhas cobertas pela neve e o céu azul. E o Matterhorn, claro, mais perto do que nunca! É uma sensação de liberdade que não cabe no coração. Sem contar o visual de tirar o fôlego. Como os dias eram mais curtos e tempo bom geralmente prevalece na parte da manhã, comece os passeios pela manhã depois de acompanhar o nascer do sol no Matterhorn. Fiquem atentos também para os horários dos bondinhos e do trem.
Para otimizar o tempo, escolhi ir até o ponto mais alto antes: o Glacier Paradise, também chamado de Klein Matterhorn. Para chegar lá são dois bondinhos, um menor, que você pode compartilhar com outras pessoas ou até ir sozinho, e outro maior chamado “gôndola” que leva ao fim da linha. Subi com uma família de esquiadores. Foi bem divertido! Ah! Vale compartilhar que o Glacier Paradise é o ponto mais alto da Europa em que se pode subir de bondinho. A maior parte dos visitantes é formada por esquiadores, mas também há turistas como eu.
Minha programação incluía, além da vista magnífica pela plataforma panorâmica do Klein Matterhorn, uma parada no restaurante que fica no topo da montanha, para me aquecer com um chocolate quente suíço e contemplar os esquiadores montanha abaixo. Bem na frente, fica o elevador, sinalizado pelo carneirinho Wolly, que leva ao Palácio de Gelo, a 15m abaixo da superfície. O lugar é lindo e super gelado! Formado por vários túneis e esculturas de gelo.
Passei boa parte da manhã e um pedacinho da tarde na primeira atração. Como é difícil ir embora e como é fácil se apegar à paisagem. Depois de me esquentar e aproveitar a vista ao máximo, desci de bondinho na estação Furi para fazer a conexão até o Gornergrat. Na descida, fiquei sozinha no bondinho, admirando o Matterhorn e vendo os esquiadores em ação. Na estação, tudo é super bem sinalizado, fácil de fazer as trocas necessárias pelo caminho – Klein Matterhorn, Furi e Riffelberg.
Os bondinhos circulam o tempo todo, sem parar, pelas estações. Você desce enquanto ele ainda está em movimento, mas com a velocidade reduzida. As gôndolas e o trem têm horários para sair. É bom ficar de olho no intervalo entre um e outro para não passar muito tempo no frio esperando um deles chegar.
Eu fiquei tão admirada com tudo a minha volta que acabei não marcando o tempo dos percursos, mas a subida de trem pareceu bem rápida, até porque eu peguei no meio do caminho. Muita gente prefere voltar para a cidade e pegar o trem no início do percurso. Isso também depende do tipo de passe que você comprar. Para mim, o Peak 2 Peak pass foi a melhor forma de otimizar meu dia nas montanhas. Ir até o Gornergrat é tão incrível quanto ir ao Glacier Paradise. É outra perspectiva do Matterhorn. E é lá que fica o famoso Kulmhotel Gornergrat. Muita gente passa uma noite lá para aproveitar e ver o nascer do sol refletinho no pico do Matterhorn, bem de pertinho. O hotel também é o lar de um curioso pássaro preto. Eles ficam na volta dos turistas, de olho no que todos estão comendo. Parecem os guardiões do Matterhorn!

O Gornergrat tem três spots para contemplar o Matterhorn e todas as montanhas na volta. O primeiro é onde você desembarca quando chega de trem. Alguns esquiadores descem a partir dali. Tem uma pequena loja de souvenirs, com café quentinho para esquentar do frio. O segundo é subindo em direção ao Kulmhotel Gornergrat, onde a vista amplia e os pássaros pretos ficam voando ao redor em busca de comida. É sensacional! E o terceiro é um pouco mais acima, passando o restaurante do hotel. Para subir é preciso um pouco de equilíbrio. O chão é levemente escorregadio por causa da neve. Para ajudar a “escalada”, tem um suporte no meio do caminho com cordas que servem de apoio até o topo. É lá que fica a plaquinha indicando que você chegou ao Gornergrat. É lindo de fotografar!
Para descer, o caminho é o mesmo. Coragem e vai! Aí é só esperar o horário do próximo trem para voltar a Zermatt. Eu me despedi das montanhas pouco antes do pôr do sol. Pensei em ficar no topo para apreciar o sol se pondo, mas queria aproveitar um pouquinho mais da cidade. Na maior parte do trajeto pelos trilhos, o Matterhorn fica do lado esquerdo. Do lado direito, o sol deixava os picos das montanhas com um tom rosado. Muito bonito.
Cheguei em Zermatt quando estava escurecendo. Deve ter sido mais ou menos uns 40 minutos de descida e belas paisagens. Ainda consegui ver um pouco do Matterhorn antes de escurecer de vez. O desembarque é na frente da estação de trem. Então dei uma volta pela rua principal da cidade para me despedir. Lojas e restaurantes estavam lotados, principalmente de esquiadores. Que cidade bonitinha! E toda iluminada com luzes e decoração de Natal. Para o meu propósito do dia – conhecer, admirar e tirar muitas fotos – foi tranquilo e sem qualquer correria. Se você for esquiar ou fazer trilhas, melhor ir com mais tempo para aproveitar ao máximo. Não fiz trilha por dois motivos: pouco tempo e clima frio. Meu mochilão estava chegando ao fim.